As conclusões do questionário aplicado pela Santa Casa sugerem um percentual significativo de pessoas (23%) que não sabem citar ao menos uma medida que ajuda a evitar o aparecimento do AVC. Por outro lado, o grupo que indicou conhecimento de algumas dessas hábitos saudável foi capaz de relacionar nove deles. A mais citada foi a adoção de alimentação (56%). Na sequência, vieram: atividade física (50%); controle da pressão arterial (32%); evitar a gordura no sangue (18%); evitar o diabetes (9%); combater a obesidade (14%); evitar o fumo (21%); evitar o álcool em excesso (15%) e combater o estresse (21%).

Os dados coletados em 2013 e 2014 também sugerem a dificuldade dos entrevistados para agir em caso de AVC. Para 32% deles a reação diante de uma crise seria uma incógnita, pois não saberiam o que fazer. Dos que informaram uma atitude, 66% procurariam um pronto socorro e apenas 2,6% sabiam da importância de consultar o relógio para anotar a que horas os sintomas começaram.

Consultar o relógio é fundamental para que o médico seja informado a que horas o Acidente Vascular Cerebral começou a se manifestar, o que será decisivo para a condução do melhor tratamento.


A importância da prevenção

No Brasil, uma menor preocupação com a prevenção ao AVC tem impedido uma maior queda no número de casos. Essa realidade vai na contramão da tendência mundial. A dificuldade no País decorre da não inclusão dos cuidados preventivos ao AVC como parte da rotina (individual e coletiva).

A falta de foco na prevenção tem feito com que a performance brasileira seja bem inferior ao que ocorre, por exemplo, nos Estados Unidos. Estudo realizado pela universidade John Hopkins, divulgado em 2014, mostra que o número de pessoas que sofreram um derrame pela primeira vez nos EUA caiu 50%,  entre 1987 e 2011. Em relação às mortes subsequentes ao AVC, a queda foi de 40%.

No Brasil, entre 2000 a 2009, apesar de seguir a tendência, a queda foi bem mais discreto. Por aqui, a redução ficou em 14,99%. O dado faz parte do estudo “Análise da Tendência da Mortalidade por AVC no Brasil no século XXI”, produzido por Célia Regina Garritado e por outros pesquisadores.


Risco também para jovens

Considerada doença de idosos, o AVC tem atingido cada vez mais os jovens. Dados do Ministério da Saúde mostram que 62 mil pessoas abaixo dos 45 anos morreram no Brasil - entre os anos 2000 e 2010 - devido ao AVC. Em 2012, quatro mil pessoas entre 15 e 34 anos foram internadas no País por causa do problema. O colesterol alto, a hipertensão, a obesidade e o sedentarismo entre os jovens também devem ser considerados como fatores que têm aumentado o número de AVC nessa faixa etária.

Por outro lado deve-se levar em consideração que o AVC em pacientes jovens muitas vezes decorre de causas diferentes dos idosos, como alterações cardíacas congênitas, predisposições genéticas e traumas na artéria do pescoço.